O artista cearense Eduardo Eloy (Fortaleza, 1955) tem percorrido um itinerário bastante peculiar nas duas últimas décadas, destacando-se ora pelo valoroso empenho na formação de outros artistas, ora pela própria afirmação estética. No tocante ao primeiro aspecto, ressalta uma generosidade edificante, imbuído que se encontra de um fervor na transmissão de conhecimentos e técnicas, abrindo espaços de estudos em técnicas diversas relacionadas à gravura, inclusive a própria fabricação de papel artesanal.

Já no segundo aspecto, interessa mencionar a construção de uma obra sólida, tanto na gravura quanto na pintura, consolidada por um repertório que se fundamenta a partir de uma busca profunda das inúmeras marcas culturais deixadas no imaginário simbólico da cultura brasileira.

Sua presença em duas exposições no MAM, em São Paulo – o Panorama da Arte Atual Brasileira dos anos 1989 e 1992, da mesma forma que a participação na mostra BR80 Pintura Brasil, na Fundação Itaú Cultural, São Paulo, em 1991, e ainda o caso da exposição no CCBB Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, em 1992, todas elas na categoria pintura, atestavam, já naquela ocasião, tanto uma atividade perene quanto consistente do ponto de vista estético.
Logo em seguida, já a partir de 1996, constitui um enfoque que se define pela gravura em madeira, onde avultam exposições no Museu Nacional de Belas Artes – MNBA (Rio de Janeiro), no Museu de Arte Contemporânea – MAC/USP (São Paulo), na ocasião em que fui diretora, e no Museu da Gravura (Curitiba), dentre outras mostras. Consolida-se então uma formação artística voltada para o ensino de conhecimentos nessa área.

Em tal sentido, cumpre aqui fazer referência especial à oficina do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, instalada em 1988, sob sua coordenação, uma vez que ali foi o principal responsável pela, dinamização, em Fortaleza, da prática da xilogravura e da gravura em metal, do seu ensino, da sua difusão, além da revelação de jovens artistas, promovendo ainda vários encontros, onde se destaca o movimento TAUAPE.

Todas essas menções, e aqui poderiam igualmente ser arroladas participações suas em eventos internacionais, se evocam a existência de um notável currículo, colaboram também na confirmação de uma veia humanística que situa Eduardo Eloy dentre nossos artistas de inconfundível talento.

Lisbeth Rebollo Gonçalves, PHD
Professora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo
Diretora do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo – MAC-USP
Vice-presidente da Associação Internacional de Críticos de Arte – AICA

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