A escolha nominal desse trabalho não é causa mais reflexo das suas significações. Diversão é a palavra de ordem de um parque gráfico que não está no ateliê, mas no mundo. O signo gráfico é marca pessoal desse artista, que se dilui e se entrelaça a outros signos encontrados nos restos de materiais descartados nas ruas, nos arquivos de imagens do próprio artista e de outros que entram na cena criativa como participes desse jogo colaborativo que Eduardo Eloy engendra.
A força lúdica do trabalho se constrói nas relações que o artista tece com o outro, com os objetos e com o meio. Nesse jogo entre o humano e as coisas, homo faber e homo ludens encontram num plano de imanência poéticas criadoras do mundo e de si mesmo.
Nessa cartografia, os meios colaborativos migram do ateliê do artista, para ruas, oficinas e espaços percorridos por todos os envolvidos numa coleta de objetos-rastros do mundo como grande receptáculo de signos que movem o artista a lançar mão.
Nas fronteiras entre as coletas e as relações, Eloy é propositor e receptor de ideias e ações que encontram lugar numa rede de processos formadora do campo visual, o qual é, senão, uma mera consequência desse jogo de múltiplos gestos e linguagens artísticas: caminhar, coletar, arquivar, gravar, imprimir e pintar.
Essa perspectiva processual de Parque gráfico diversão total encontra o pensamento de Cecília Almeida Salles e seu mapeamento da complexa teia que envolve as relações entre obra e processos, apontando que no objeto acabado existe um inacabamento intrínseco que faz a obra ser entendida como mais uma instância de um extenso percurso criador, sempre em deslocamento e sujeito a transformações.
Em Parque Gráfico Diversão Total o que se almeja não é o um trabalho acabado, mas a criação numa cadeia relacional, onde o campo visual é um dos possíveis resultados. É nele que Eduardo Eloy plasma suas formas flutuantes entre campos de cor, texturas, signos e matéria. Um espaço físico filho do espaço relacional, fruto de um lugar da criação dentro e fora do indivíduo. Espaço gerado e gerador de encontros, diversão e significados.

Luciana Eloy 

Bacharel e mestre em Artes Visuais pelo ICA-UFC. Atua no ensino em arte e curadoria por uma perspectiva do processo de criação.