Do gesto artístico de Eduardo Eloy surgem imagens expressivas de sua experiência vivencial. Numa escrita rápida, permeada de surrealidade, Eloy cria, com sua arte, um universo de formas simbólicas, onde a fantasia pessoal revela-se o mais diretamente possível, deixando vir à tona o que a consciência registra.

É certo que qualquer imagem, uma vez inscrita, contém a experiência mental, reveladora, a um tempo, da sensibilidade do indivíduo e da sua relação com o mundo. A atividade de figurar do artista plástico resulta em expressão de seu espaço-tempo, marcado pela contingência eu-sociedade.

A geração a que pertence Eduardo Eloy (nascido em Fortaleza, em 1955) ingressou na experiência artística, convivendo com a formulação ou difusão de diferentes tendências contemporâneas que marcam a sensibilidade visual: a abstração informal, a action-painting, o novo realismo, o pop, o impacto das tecnologias em constante renovação, a densidade crítica da arte conceitual e, finalmente, a retomada da pintura explorada em amplos espaços, a “grande tela”.

Esta geração vive e exprime a chamada época pós-moderna, onde é fundamental a projeção psicológica, a explosão do inconsciente, o discurso ficcional, o real maravilhoso, a releitura do passado, entre outras características que a sociedade contemporânea motiva. O olhar estético emerge desta efervescência, cuja densidade se revela na arte de Eloy.

Tanto nos trabalhos datados de 1987, que expôs no ultimo Panorama Atual da Arte Brasileira, do Museu de Arte Moderna de São Paulo, como nas pinturas mais recentes, transparece esta característica. O mesmo se registra na produção da arte mural coletiva que o Grupo Aranha espalha pela cidade de Fortaleza, do qual Eloy faz parte. São painéis “intuitivo”, feitos em grupo, imagem plástica expressiva e expansiva, pensamento visual crítico ou irônico, figuração marcada de fantasia, crônica sensível da vida, inscrição carregada de significação.

A arte no muro vem sendo um importante campo de manifestação artística, em Fortaleza, talvez como um resgate da “Brigada Portinari”, de 1982, que reinstalou na arte brasileira a interferência da pintura na paisagem urbana.

Eduardo Eloy afirma-se no cenário da arte atual como um artista sólido e de trajetória promissora.

Lisbeth Rebollo Gonçalves, PHD
Professora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo
Diretora do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo – MAC-USP
Vice-presidente da Associação Internacional de Críticos de Arte – AICA

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