O artista Eduardo Eloy, se observadas em conjunto as condições de criador, professor e produtor cultural, é hoje um dos nomes de grande relevo na cultura brasileira. Criador com um refinado estilo, tanto na pintura como na gravura, Eloy é professor-fundador de oficina de gravura e papel artesanal com profunda e comprovada atuação em seus meio, sendo ainda um dos fundadores do Instituto da Gravura de intercâmbios e diversas outras atividades vinculadas ao universo da gravura. Foi graças a este artista que Fortaleza teve sua primeira prensa, juntamente com uma concepção moderna de formação de oficinas.
Em seu trabalho com a gravura, o que vemos é um artista que não se interessa apenas pelo recorte onírico ou mítico, no sentido de uma anotação. Há ali a recriação de um imaginário, o talho no desejo, luta com destino. Este artista possui uma importância tão fundamental quanto ainda não percebida. A xilogravura feita no Ceará vinha limitada à máquina tipográfica. Assim funcionam os impressos naquilo que entendemos como arte popular. Eloy trouxe para nós a prensa e a lida com a fabricação de papel artesanal, recursos que revigorariam o entendimento da xilogravura no Ceará. Trouxe também a indigestão no tocante ao empório populista de nossa tradição santeira.
A importância de Eloy assume uma conotação maior, não tanto por sua expressão artística, que ainda não aprendemos a avaliar, mas antes por sua determinação em restabelecer o prestigio de uma técnica, a ele aportando novas concepções e materiais, ao mesmo tempo em que sendo ele um obstinado a quem importa o diálogo, um artista fundamental que compreende que a arte é apenas expressão da existência humana.
Floriano Martins
Escritor e Crítico de Arte
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