O mundo é fechado. Escuro e hermético como uma caixa de chumbo. Os artistas levam as suas vidas rabiscando querendo fazer buracos nas paredes o clarear o mundo. Não têm escapatória. Esse é o seu papel no roteiro da vida. Eduardo Eloy vai levar a sua vida tateando no escuro, às cegas, procurando formas, palavras, cores e matérias para elaborar objetos capazes de clarear o mundo. Ele pensa que não. Mas eu sinto que o Eloy é daquelas pessoas cuja determinação de fazer Arte é mais forte que a morte e que a vida. Ele pensa que pode fugir. Eu tenho certeza que não. Ele sempre vai carregar essa angústia da necessidade da busca incessante, da incompreensão e de estranhamento. Os artistas verdadeiros são assim.

Eloy está nesse papel há muito tempo. Filho de Fortaleza, andou pela América. estudou no Rio de Janeiro e voltou para a sua terra natal carregando as suas tralhas do gravador; ácidos, punções, buris, goivas, rolos, feltro e prensa e aqui montou Escola. Depois, feiticeiro cansado de transformar placas de metal em Arte, resolveu sair para a rua e colorir os muros. Nesse exercício dominou as cores e ganhou a batalha das telas. Atravessou mares, andou pelas estradas de Pastrana, pelas ruas de Paris e Barcelona, pelos canais de Veneza e pelos bosques de Hamburgo.

Agora, Eloy é pleno na busca por exprimir toda a magia do seu mundo interior. Através de uma enorme riqueza de matérias que ele mesmo arranca da natureza cozinhando buchas de côco, bagaços de cana, desfibrando troncos de bananeira, temperando pigmentos, tecendo fibras, ele vai trabalhando na alquimia da construção dos seus papeis que não são simples suportes, são a sua própria arte.
Eloy sabe a importância do que faz. É um dos poucos artistas que sabe misturar, na dose certa, a riqueza plástica da matéria em sua forma bruta, abstrata, com a simbolização pura, figurativa, que vai buscar na fantasia das crianças e no sincretismo das culturas, para construir obras que exprimam toda a magia deste mundo escuro e inexplorado. A arte de Eloy é luz clara.

Roberto Galvão 
Professor da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF, Curador, Historiador,
Diretor do Centro Cultural Dragão do Mar em Fortaleza – Brasil

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